quarta-feira, dezembro 10

RODINHA DANÇANTE. É uma das facetas mais originais do homolusos e, injustamente, uma das que menos atenção tem merecido por parte dos nossos antropólogos: a «rodinha dançante». Como sabem os mais versados nos temas noctívagos, a rodinha (como é vulgarmente conhecida) é um consagrado ritual espontâneo que esta espécie põe em prática sempre que se aproxima de uma pista de dança. Apenas três elementos são necessários para dar início ao fenómeno, mas é de admitir que o grupo aumente até às duas dezenas, consoante o grau de amizade ou parentesco entre os presentes. No que diz respeito ao comportamento, há um conjunto de normas tacitamente aceite entre os jovens homolusos, que obriga cada um deles a assumir uma postura vigilante em relação aos seus pares. Assim, uma ida mais prolongada ao bar, uma conversa com algum outsider, ou mesmo um olhar que ultrapasse o diâmetro estabelecido, será sempre alvo de um comentário correctivo.
A experiência de estrangeirado permite-me agora acrescentar que o ritual está de tal forma impregnado nas gerações mais novas que as próprias comunidades homolusas espalhadas pelo mundo mantêm-se firmemente ligadas à tradição. O que demonstra um grande arrojo, obviamente, já que ninguém mais se poderia lembrar de tal coisa.

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