segunda-feira, dezembro 8

NATAIS ORIGINAIS. Enjoam-me profundamente as campanhas de solidariedade que a nossa comunicação social inventa nesta altura do ano para dar um ar da sua graça social. Desde aquelas festas fossilizadas para desgraçadinhos de prisões e hospitais, até aos miserabilistas peditórios «Ajude porque é natal e portanto pronto, é bom», é tudo muito pobre. Por isso, qual parolo (outra vez), fiquei deslumbrado com a campanha de Natal do Independent: um leilão com a prata da casa. Ou seja, para juntar umas massas, o jornal vende aos leitores um conjunto de lotes, cujo único valor é poder conhecer, trabalhar ou acompanhar alguns dos funcionários e colaboradores da empresa. Exemplos: Viajar por todo o país com o famoso globetrotter de viagens, Simon Calder; convidar os amigos para um jantar em casa que o especialista em gastronomia irá fazer in loco; acompanhar o especialista de vinhos a uma prova de degustação; ter um cartoon pessoal feito pelo cartoonista Dave Brown; acompanhar um dos críticos de música a um concerto, com passagem pelos bastidores etc, etc, etc. Há mais de 30 lotes e todos eles rendem umas boas centenas de contos que vão direitinhos para uma instituição de caridade. Haverá sempre «contingências» e um «contexto próprio» que tornam estas coisas impraticáveis no nosso páis. Mas que são giras são. E têm uma grande vantagem: dão dinheiro.

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