quinta-feira, dezembro 4
OBITUÁRIOS. Ocupam duas, três páginas dos jornais ingleses. Todos os dias. Textos compridos, invulgarmente compridos, prestam homenagem a vidas que nos parecem sempre notáveis. Às vezes são assinados, outras vezes não, mas são sempre bem escritos. Impecavelmente escritos. Talvez seja isso, talvez seja uma estranha vontade de me associar ao respeito por alguém (que na maior parte dos casos nunca ouvi falar), talvez seja a curiosidade de saber quem é o homem ou a mulher a que um jornal oferece tanto espaço sem cometer a ousadia de pedir um anúncio em troca. Sinceramente, não sei. Sei que é frequente dar por mim a meio de uma destas prosas. Estou inclinado a pensar o melhor de mim, como é óbvio: que leio por achar que se deve dar tempo às últimas homenagens. Imagino também que isto explique a vontade dos outros leitores em fazer o mesmo. E a coragem dos jornais em abdicar de tanto espaço publicitável. Os nossos não o fazem e é pena. Sobretudo porque é um gesto bonito. De honra.
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