quarta-feira, novembro 19

ETA E GUANTANAMO. Lembro-me de ouvir o primeiro-ministro espanhol, há muito tempo - não sei quando, mas numa entrevista que se seguiu a mais uma barbárie da ETA -, explicar porque não entrava em negociações com as facções radicais dos separatistas bascos: «Não é possível conversar com terroristas. Têm uma linguagem diferente. Não nos iam perceber a nós, nem nós a eles». Grande Aznar. Gostei do argumento. Quem acha que é justo matar e espalhar o terror para fazer vingar ideias próprias tem, de facto, uma gramática de vida que não se compadece com o nosso respeito. Lembrei-me disto quando li o editorial de hoje do Independent (infelizmente, o acesso online paga-se). Todinho dedicado a Guantanamo. Ou, como diz o jornal inglês, à razão porque não lhe podemos dar as boas-vindas, sr.Bush. Grande Independent. Enquanto houver uma prisão onde os presos não têm direito a advogado, não podem ver um familiar, não são acusados de nada, não têm sentença nem prazo de libertação, onde há suicídios e tentivas de suicí­dio a rodos, onde, como suspeitamos todos, há tortura... enquanto houver isto tudo, é impossível perceber a linguagem do «sr.presidente».

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