quinta-feira, novembro 13
CABALAS
Na fila para os bilhetes da Ópera começo a desesperar com o gentleman postado à minha frente. A coisa até estava a correr bem quando o cavalheiro teve a distinta lata de atrasar o mundo inteiro pedindo para consultar a «política de privacidade» do teatro. Assim. Sem mais nem menos. A «política de privacidade»! Só para poder entregar os dados do cartão de crédito «em segurança», dizia ele. Em bom inglês, uma paneleirice. Mas o pior veio depois: enquanto eu esperava que a menina do guichet levantasse o trombil e fizesse aquele ar de enfado tipicamente luso (qualquer coisa entre a Dona Júlia do 1º bairro fiscal da Cruz Quebrada e a Dona Irene do posto de Correios da Almirante Reis), a infame senhora resolve alinhar na conspiração burocrática. Tudo para me lixar a vida, obviamente. E nisto, com um insuportável sorriso, aparece com uma folha A4 a dar todas as explicações ao ilustre senhor. Não contente, a personagem leu a folha atentamente, acenou que não com a cabeça, pediu o cartão de volta e pagou com dinheiro. Eu ainda estava confuso com aqueles salamaleques todos quando o tuga que me acompanhava fez luz sobre o assunto: «Tá visto, mais um traficante de droga é o que é». Há sempre uma cabala à medida da nossa humilhação.
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