quarta-feira, janeiro 28

GALPALIZAÇÃO Ontem, no palácio do Eliseu, o presidente Jacques Chirac foi anfitrião de uma cerimónia de apoio ao Pacto Global, iniciativa do secretário-geral da ONU, Kofi Annan, no sentido de comprometer as empresas a respeitar diversos princípios éticos, sociais e ambientais na sua actividade. Dezenas de responsáveis estiveram simbolicamente presentes, entre os quais portugueses, e afirmaram o seu empenho na causa. Provavelmente, no mesmo momento, o porta-voz da Galp fazia declarações ao DN, pouco surpreendido por o ministério do Ambiente, em nome das reservas nacionais de gasolina, ter autorizado a reactivação do parque de combustíveis de Sacavém. Sim, no mesmo local para onde estava anunciado, nos velhos tempos da construção da Expo'98, "o maior parque urbano da Europa". Eis que a esperança surge no fundo o barril. Dispondo-se a zarpar para Sines, a Galp propõe a alteração ao PDM municipal para, quem sabe, se construir uma interessante urbanização, de preferência de habitação social, construída com materiais que não degradem o ambiente e respeitando a reserva ecológica do Estuário do Tejo, que por acaso é mesmo em frente. Assim, e sem infringir os exemplares preceitos louvados a 1.800 km de Lisboa, a Galp poderia vender o terreno por uns milhões de euros que ajudassem a financiar a construção de um novo parque, de acordo com outra importante norma, a de "não prejudicar os interesses da empresa". Parece aquela história do bater de asas da borboleta e do terramoto no outro lado do mundo. Ou da outra, da corrente de ar nos EUA e da constipação no Japão. Neste caso, acho que a borboleta apanhou um resfriado.

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