segunda-feira, janeiro 12
BOM DIA Uma das primeiras regras que aprendi quando cheguei em Paris foi cumprimentar os lojistas. Sempre que entro na padaria, no café, na venda dos jornais ou numa grande loja de roupa, a primeira coisa que faço é responder ao bonjour que oiço de trás do balcão ou de um empregado que passa. À saída, trocamos um bonne journée e um au revoir, sem sabermos se nos vamos rever. Este hábito entranhou-se, e em Portugal dou por mim a dizer boa tarde a uma caixa de supermercado que está demasiado preocupada em compor melodias com a passagem dos códigos de barras e não chega a levantar os olhos da registadora. Ou a fazer todo o caminho da mesa à porta de um restaurante em marcha-a-ré, à espera de um adeus, até à próxima, obrigadinho. E nada - ou quase nada. Sem querer generalizar, a coisa passa-se melhor aqui. Podemos discutir os tons de cumprimentos: artificiais, irritantes ou genuinamente alegres e simpáticos. Podemos questionar se isto é determinante para voltar ali ou se é a eficácia do serviço que importa. Podem até fazer pouco deste estrangeirado por escrever sobre coisas tão fúteis. Mas devo confessar que a vida é feito de banalidades, mesmo aqui, no mundo civilizado.
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