domingo, fevereiro 29

O MEU HERÓI MOURINHO. O principal articulista de desporto do Daily Telegraph dedicou ontem uma prosa inteira ao desempenho do melhor treinador português da História. Dizia o senhor Pinter que Joé Mourinho tinha adoptado uma estratégia muito «arriscada». Não no campo, onde até he concedia alguns méritos (poucos), mas no discurso. Pinter acha que Mourinho foi pouco audaz ao responder às críticas de Alex Ferguson, sobretudo quando insinuou que os seus atletas não se empenham o suficiente e que ele próprio, como técnico do clube mais rico do mundo, não sabe gastar o dinheiro das contratações. Isto foi muito arriscado, na perspectiva do ilustre brit, porque só servirá para espicaçar treinador, jogadores e adeptos do Manchester United quando o Porto vier jogar a Inglaterra. Para chegar a esta interpretação (bastante partilhada por estas terras) é preciso partir do pressuposto que Mourinho está encolhido no orgulho de uma vitória acidental e conseguida a custo de muita sorte. E que agora espera que o Manchester seja outra vez «apanhado de surpresa», mas no seu campo. Muito pelo contrário, digo eu, o que Mourinho está a fazer é a lutar pelo jogo justo. A esforçar-se para que os seus rivais na eliminatória não sejam apanhados de surpresa. «Fiquem alertados, meus senhores, que nós somos uma equipa tão boa ou melhor que a vossa», dirá ele. E os outros, se quiserem, que acreditem. Esperemos que não. Esperemos que, como os portugueses, fiquem a rir e a pensar que tudo não passa de arrogância naif. Seria bom sinal.

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