segunda-feira, fevereiro 23

FACA E GARFO. Aqui se define a fronteira entre as duas capitais de quem vos escreve, caro leitor. Enquanto ele, com soberba gastronómica, desdenha as riquezas da terra natal; eu, degredado no Tarrafal do guardanapo, quase salivo de pensar no que ele escorraça. Mas curioso foi o sentido de oportunidade. Precisamente quando acabo de conhecer o «Lisboa», supermercado, justamente à frente do «Porto», snack-bar. Ali em Nothing Hill, onde nunca imaginei. Comecei pelo Norte, como sempre, para o cafézinho e o pastel de nata. «Espere, não tenho aqui nada. Tenho de ir levantar»; «Deixe lá isso homem! Não vai deixar de comer porque não tem dinheiro». E de repente estou rendido e integrado na fraternidade emigrante. Depois enchi os sacos. Depois de abastecer a carteira, claro, que a Sul não há fiado. Um Casa de Santar reserva razoável, quatro latas de feijão preto, um chouriço bem apessoado, caldo verde congelado e quatro bocks já geladas. Paguei com gosto. Em libras, mas com gosto.
Tu foste encontrar o chévre e o confit de canard, dizes. Eu deixei-os em casa e vim atrás dos «Lisboas». Para já, vão-me divertindo.

Sem comentários: