sexta-feira, junho 18

TÂNIAS E NÁDIAS. Tânia Nascimento, a primeira representante lusa no Big Brother inglês, era um produto fogoso dos subúrbios londrinos. Apesar de não ter ido muito longe no famoso concurso do abjecto, teve o mérito de conseguir vender o ar brejeirito com que a baptizaram e aparecer em quase todos as revistas semi-pronográficas desta terra. Cheguei a comprar uma «Loaded», bem embaladinha, só para ver o «Fogo português» (em lingerie preta) que a capa anunciava. Desiludiu. Não pelo texto, obviamente, que não li, mas por tudo o resto que se fazia passar por estereótipo nacional. Mentira! Nem um pelo de buço fazia juz às nossas moças; o peito não era farto e naquelas pernas havia muito pouco do nosso fiambre. Em suma, uma fraude.
Mas adiante. Foi-se a Tânia, veio a Nádia. A bela Nádia, também ela portuguesa e muito orgulhosa disso (como não podia deixar de ser), nasceu na Madeira e lá viveu até aos 19 anos, que foi quando se mudou para a Inglaterra. Depois de passar por alguns biscates suspeitos – o típico «Trabalhei numa boutique...» –, conseguiu ser escolhida para a nova edição inglesa do Big Brother. «Um sonho tornado realidade», bolsou a rapariga.
No início do programa, a Nádia era só mais uma labrega no meio dos outros labregos todos. Isto, claro, até se saber que a Nádia, afinal, era o Fernando. Pois é... Daquilo que mostrou ao grande público, portanto, a única coisa verdadeira parecia ser o apelido, Almada (que mesmo assim, convenhamos, é tão adequado que eu apostava ser uma alcunha). Até aqui tudo suportável. A malta é liberal, finge que não se chateia por o único transsexual que passou pela tv inglesa ser um português e agradece a Deus por haver um campeonato de futebol a rotular o país.
O chato é que a Nádia, ou Nando, ou o raio que o parta, resolveu mostrar um bocadinho do nosso temperamento e vai disto meteu-se à trolha dentro da «casa». Estalo para cá, insulto para lá e, imaginem, a Nádia Almada, transsexual da Madeira, ficou com fama de desordeira e ordinária. Ora isto, tratando-se de uma minoria sexual, é, como todos sabemos, ilegal. Num país que se quer civilizado, um homem com tetas é uma vítima da sociedade e tem o direito a exprimir-se como quiser. Por isso dizemos: Força Nádia! A comunidade está contigo.

2 comentários:

bruno disse...

Os tugas têm uma certa queda para os reality shows. Aqui em França houve um programa chamado Nice People - um trocadilho brilhante com o nome da cidade onde foi se situava a casa das filmagens (procurem lá no mapa um pontinho no sul chamado People...). O objectivo deste concurso era juntar jovens europeus de várias origens com um bom domínio da lingua de Molière e mostrar o convívio entre diferentes culturas. Portugal não tinha apenas um, mas sim representante e meio: o inteiro, Hélder, era um macho latino de rabo de cavalo, que se atirou a tudo o que era mulher e que adorava dar guinchos a toda a hora. A metade era uma inglesa de costela portuguesa que por ser mais discreta saiu depressa mas sem deixar de fazer casal com o único francês do grupo. Nota importante: quando perguntaram ao Hélder o que iria fazer com o prémio (se ganhasse), ele respondeu: "Abrir uma discoteca, mas à minha maneira". E mais não disse.

Anónimo disse...

Excelente texto de inspiração nacionalista não doentia.