Ou muito me engano, ou o ministro das Finanças francês não vai durar muito mais. O problema não está no escândalo que foi saber-se que tinha alugado um apartamento por 14.000 euros mensais à custa do Estado. As regras do "alojamento de função" não eram suficientemente claras e cada um faz a interpretação que lhe convém. A questão é a transparência - ou melhor, a falta dela - com que o assunto foi gerido. Nos últimos dias Hervé Gaymard quis aparecer como uma vítima que, por ser filho de sapateiro, não teria meios para ter casa própria digna de receber a mulher e os oito filhos e que estava a ser alvo de perseguição. Mas a imprensa já revelou que o ministro tem afinal um apartamento de 200 m2 em Paris (e que está arrendado abaixo do preço do mercado) e mais propriedades no resto do país, o que fez dele um dos contribuintes para o famoso "Imposto sobre a fortuna"em 2003.
Pela boca morre o peixe. Dizem os especialistas da comunicação que, nestes casos, o melhor é dizer logo tudo de uma vez e não deixar a coisa transformar-se numa novela. Mas foi o que aconteceu. O requisitório final vai ser feito hoje, no telejornal da TF1, e dele depende a sua permanência no governo. A postos devem estar já os institutos de sondagens para saber se o povo acreditou ou não. Não seria mais democrático e republicano que isto fosse esclarecido no Parlamento? Não, talvez porque tanto a direita como a esquerda têm telhados de vidro.
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