domingo, maio 16

O SR. RUI RIO. A equipa do Arsenal comemorou esta manhã a conquista da Premier League no topo de um autocarro descapotável. Quase duzentas mil pessoas espalhadas pelas ruas de Islington, no Norte de Londres, gritaram e cantaram com os jogadores. O cortejo acabou, como seria de esperar, com os jogadores a serem recebidos na Town Hall, de onde se fizeram os discursos da praxe. Duas horas depois, as televisões continuavam a mostrar imagens de um povo feliz, orgulhoso do seu clube e da sua cidade.
Há poucos dias, vi as mesmas imagens de Valência. Ponho a mão no fogo, como haverá as mesmas imagens em toda a Europa, de todas as cidades que tiveram a felicidade de ver «o clube da terra» vencer o respectivo campeonato nacional. É natural. E também seria natural para os cidadãos do Porto viver a mesma festa se a sua cidade [a minha cidade] não tivesse um presidente de câmara que, nesta e noutras matérias, se acha o mais clarividente de toda a Europa.
Depois de ver as imagens da festa do Arsenal apeteceu-me vir aqui lembrar que este homem instrumentaliza o futebol como todos os outros políticos. A única diferença é que se notabilizou no nosso bizarro rectângulo por o fazer no sentido inverso do que é habitual. Ou seja, em vez de se colar ao mundo da bola, posicionando-se ao lado das barbichas e dos bigodes que tantas náuseas nos dão, dá a entender que esse é um mundo de corrupção onde ele, incorruptível que é por decreto, não se mistura. Não sei, nem quero saber, qual dos jogos acaba por render mais votos. O que sei é que este senhor fabricou uma divisão que não havia e estragou a festa a muitos portuenses. E por isso, só por isso, raios o partam.

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