sábado, setembro 11
11S Fez ontem três anos que me instalei em Paris. Esta data seria provavelmente esquecida, não fosse o que se passou no dia seguinte. Como estava mais preocupado em encontrar trabalho e ainda andava a descobrir a cidade, não me apercebi de nada de anormal durante todo o dia. Não passei em frente a lojas com multidões a ver as televisões, não andei em autocarros onde o assunto fosse discutido, não tinha televisão e a rádio estava permanentemente ligada na TSF, mas a francesa, que só interrompe o jazz à hora certa para dar umas notícias pouco desenvolvidas. E assim passei um dia completamente alienado do "acontecimento que mudou o mundo". Ainda tenho algumas edições de jornais de 12 de Setembro que me apressei a comprar, mas será que é possível compreender o 11 de Setembro sem ver as imagens dos aviões a entrarem pelas torres dentro, das pessoas chocadas a chorar, das torres a caír e da imensa poeira que se abateu depois? Este Verão ouvi o relato de um nova-iorquino que assistiu a tudo do telhado do seu prédio, onde nos sentámos num fim de tarde a beber umas cervejas. Sem puxarmos pelo assunto, ele apontou-nos o lugar vazio onde deveria estar o World Trade Center. Contou como alguém o acordou com o telefone, como uma pequena multidão de vizinhos e conhecidos se juntou no telhado para ver o que se passava e como todos se afundaram em lágrimas quando as torres caíram. E lembrou ainda o pânico quase infantil causado por outro avião - certamente uma aeronave militar ou de socorro - que sobrevoava a cidade, fazendo um monte de adultos gritarem de mãos no ar e correrem sem destino à volta do pátio. Esta podia ser perfeitamente uma cena de um filme cómico. Mas naquele momento não nos lembrámos de rir.
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