quarta-feira, março 31

O ACONTECIMENTO É com profunda e sentida emoção que assisto de longe à inauguração das novas instalações da RTP. Um novo mundo vem aí. Espero reconhecer Lisboa quando aterrar amanhã na Portela.

terça-feira, março 30

GOOGLEMANIA. Citar as palavras chave que são introduzidas num motor de busca e que trazem os leitores até nós é um hábito corriqueiro na blogosfera ao qual, se a memória não me atraiçoa, nunca nos dedicámos. Pois bem, inauguro a rubrica com um motivo de vergonha e outro de orgulho. A vergonha: «suspresa». Alguém soletrou mal a palavra e, suspresa das suspresas, acabou por nos encontrar assim. É caso para dizer que nós, como o Outro, também escrevemos direito por linhas tortas. Agora, o orgulho: «blog, emigrante portuga». Não é bonito? Allez, allez estrangeirados, estamos no caminho da fame!

segunda-feira, março 29

IRRESPONSABILIDADE A METRO "30 ocorrências mensais é um número irrisório" - Eng.º Carlos Alberto Mineiro Aires, presidente do Metropolitano de Lisboa ao jornal Público, 25/03/2004, a propósito dos acidentes com as portas de acesso aos cais. Não questiono o sistema que o ML aplicou em Lisboa, até porque ele existe noutras capitais europeias - inclusivé em Paris. O que me indigna é ver um administrador, ainda por cima de uma empresa pública, considerar "um número dispiciendo" 20 a 30 acidentes mensais para um universo de meio milhão de clientes/ dia. É pena o voto universal não chegar às empresas públicas.
WINDS OF CHANGE A esquerda ganhou as regiões todas em França. Todas? Não!

Plantu no Le Monde

segunda-feira, março 22

FRENTE NACIONAL Mais uma vez, as eleições em França não deixam dúvida de que a extrema-direita tem um eleitorado fiel e que é a terceira força política do momento. Mais uma vez.

quinta-feira, março 18

OPTIMISMO Reparo que os dois últimos posts foram sobre encerramentos. Ora, para contrariar este ambiente de terror e pessimismo, seria encorajador dizer que nem tudo é mau e está a fechar. Por exemplo, aqui em França abriu... o período para pagar os impostos.
MÁS NOTÍCIAS A Lusomundo resolveu fechar as salas de cinema do Mundial. Não era um frequentador assíduo, mas o Mundial ainda era um dos sítios para onde a Lusomundo deixava escapar uns filmes interessantes do seu semi-monopólio de Hollywood, como, por exemplo, o Memento. E foi onde vi pela primeira vez em grande écrã o Citizen Kane. As condições não eram fantásticas - ir à casa-de-banho era arriscar uma intoxicação de naftalina, tal a quantidade de bolas que colocavam nos mictórios, e os momentos mais interessantes eram frequentemente estragados pelo mastigar das pipocas e o sorver de coca-cola -, mas era mais uma alternativa no centro de Lisboa e no andar de baixo deixava sempre uns exemplares do DN gratuitos. Espero que alguém consiga recuperar aquelas salas. Só quem está habituado ao cinema em centros comerciais é que não percebe o potencial daquilo!

quarta-feira, março 17

FIM. A Politico's fechou as portas. É verdade, é duro e não há nada que nos faça minorar a perda. Estava ali em Westiminster, meia escondida, pouco pretensiosa, pequena mas cheia daqueles doces que não se fabricam na nossa terra. «Soft covers, hard topics», disse-me um dia o rapaz bem treinado do balcão, resumindo pacientemente as exigências que lhe punha. Para nós, os dilectos fãs, não era uma livraria. Era um alfarrabista de novidades. O melhor spot para os voyeurs de estantes trocarem sorrisos cúmplices com gente do mesmo sangue. Política hard core. Não havia misturas. Ainda nos resta o site, é verdade, mas onde é impossível descansar os olhos nas canecas de café roubadas às eleições americanas, nas t-shirts dos partidos ingleses, nos cartazes... Enfim. Mais uma colher de prata penhorada.
LONDRES PÓS 11-M (2)

terça-feira, março 16

PRIMAVERA Na civilização é assim: basta um bocadinho de calor para fazer soar os alarmes da poluição atmosférica. Por mim, o sol é bem-vindo. Nos dias de maior frio até sonhei com o aquecimento global.

ADIOS, AMIGOS* Tem piada como a eleição de um socialista serve os interesses da direita francesa tanto em relação ao Iraque como nas questões europeias, onde o novo primeiro-ministro espanhol pode desbloquear o impasse na Constituição Europeia. Paris e Berlim precisam de aliados fortes, pois com Londres é difícil de contar. Por isso, eu até percebo que tenham sido expeditos os cumprimentos ao vitorioso e as manifestações de vontade em cooperar. Mas chocou-me que, no momento em que a direita europeia registou a primeira grande derrota depois da era da luta contra o terrorismo, tenham sido escassas ou inexistentes as palavras de solidariedade a favor de um dos seus modelos, em especial do primeiro-ministro, Jean-Pierre Raffarin. Apenas Jacques Chirac telefonou a José-Maria Aznar para lhe assegurar a sua amizade. Mas nós e Alain Juppé sabemos o que isso pode custar.

*Nome do útimo álbum dos Ramones

OLÁ. Duas semanitas arredado desta casa e - quando começava a pensar que já não me fazia falta - arrebato-me de amores e saudades. Destes dias longe (dos quais ainda não estou totalmente livre) várias vezes me mordi por não poder vir aqui pensar alto. Como não poderei recuperar o tempo perdido, limito-me agora a compensar a ausência de discurso sobre os episódios de Espanha, recomendando vivamente as palavras do André. Subscrevo linha por linha. A mentira, na política, não se tolera. E Aznar, como Bush e Blair, mentiu deliberadamente. E como Bush e Blair, mentiu sobre políticas de sangue, de guerra, de atentados. Não escondeu uma amante debaixo da secretária, nem fingiu que pagou impostos atrasados. Fez o abominável. Manipulou o que não pode ser manipulado: o sofrimento da morte. Só por isso (esperneiem o que quiserem os meus queridos amigos que me querem convencer de uma ingenuidade que não existe), merece cair na desgraça.
LONDRES PÓS 11-M.

sexta-feira, março 12

AS PISTAS APONTAM PARA O MESMO

Gallego & Rey no El Mundo

quinta-feira, março 11

DE ROMA A MADRID Não sei se já chegou a Portugal, mas recentemente vi um filme italiano, Buongiorno, Notte, sobre o sequestro e execução pelas Brigadas Vermelhas do líder da Democracia Cristã, Aldo Moro. E, embora seja um cenário fantasista, adaptado do livro de um dos membros, Anna Laura Braghetti, o filme de Marco Bellochio dá uma imagem de como a luta por uma causa (independentemente da sua legitimidade) pode degenerar. Damos por nós a abanar a cabeça e a interrogar se os responsáveis ainda pensam que valeu a pena.

ATENTADO Quando liguei a televisão no principal canal de notícias francês hoje de manhã, estavam dois mecos a discutir a orientação escolar. Finalmente já puseram uns especialistas a comentar as imagens e as consequências políticas e um enviado especial a fazer o relato. Os directos aqui para estas bandas são escassos

quinta-feira, março 4

OS DESEJADOS Em França, é Lionel Jospin, em Portugal é António Guterres. Dois antigos primeiros-ministros socialistas, auto-exilados da política, começam progressivamente a dar a cara para ajudar os respectivos partidos nas eleições mais próximas (regionais em França, europeias em Portugal). Vou adorar ver os palcos de campanha cheios de fumo e eles a aparecerem, montados em cavalos brancos, queixo levantado e luzes nos olhos, ao som de uma música heróica...

terça-feira, março 2

QUEREM MATAR A TRADIÇAO Para repôr a actualidade e passar a informação ao espectador, Mel Gibson já encontrou distribuidor (link efémero) para La passion du Christ, Tarak Ben Ammar, que anunciou a estréia para a Páscoa. Eu pergunto: e o Quo Vadis?.

O PROGRAMA Só para que fique registado, em França também temos um António Guterres. Ou é em Portugal que existe um Lionel Jospin? É um assunto que vamos aprofundar nos próximos dias. Na forja há ainda um texto sobre os transportes públicos, a pedido especial. E não perca a rubrica de culinária à quarta-feira, a crónica de puericultura à quinta e a agenda de espectáculos na sexta-feira.
ALÔ? Já estou no ar?

segunda-feira, março 1

EM TRANSITO. Poiso novo, problemas novos. Entre outras coisas, foi-se a Internet. Para me corresponder com Paris, durante os proximos dias, terei de me deslocar a um desses cafes mixurucas, onde cada hora ligado ao mundo custa a modica quantia de seis euros. E ainda para mais, dao-me computadores analfabetos. Assim como este, sem acentos nem cedilhas. Perdoe-me, caro leitor, o embaraco. Prometo adoptar o modelo mexiano: daqui a uma semana posto quinze prosas. Ate la, segue a emissao francesa. Abracos (com cedilha) e beijinhos (acentuados).