segunda-feira, março 7

INDEPENDENTES José Sócrates escolheu, e bem, vários independentes para o novo governo - e poucas mulheres, diga-se. Mas esse modelo foi recentemente revisto em França. Jean-Pierre Raffarin (centro-direita) também chegou a recrutar, logo a seguir às eleições em Maio de 2002, alguns ministros na "sociedade civil": Luc Ferry (Educação), Francis Mer (Economia), Jean-François Mattei (Saúde) ou Jean-Jacques Aillagon (Cultura). Hoje nenhum destes continua em funções. As condições eram as mesmas: maioria absoluta, necessidade de reformas, desejo de credibilizar a política. Mas os ministros não resistiram às pressões ou escândalos: Luc Ferry, um filósofo reconhecido, cedo demonstrou soluções pouco consensuais e hoje é um crítico deste governo. Francis Mer vinha do meio empresarial e para lá voltou sem deixar obra. Mattei, especialista em genética, caiu logo a seguir à crise da canícula, incapaz de explicar a ineficácia dos serviços em se aperceber dos efeitos mortais do calor no Verão de 2003. Aillagon passou da presidência do Centro Pompidou para o governo mas também não resistiu, desgastado pelas manifestações dos intermitentes. Na remodelação que fez em Março de 2004, logo a seguir à grande derrota nas eleições regionais, Raffarin justificou ter colocado elementos com mais experiência de política para os cargos importantes com a necessidade de saber negociar e defender as novas leis. Veremos se Sócrates não será obrigado a rever a sua equipa, não por falta de capacidade das pessoas, mas por uma questão de estabilidade dentro do governo. É que um primeiro-ministro não pode passar a vida a apagar fogos e não estou a ver Sócrates no papel de bombeiro.