BLAIR. Esta manhã, na primeira conferência de imprensa depois de ser re-eleito, Tony Blair começou por fazer um discurso onde apresentou a sua prioridade para o arranque deste terceiro mandato: a disciplina social.
Dito assim parece uma heresia fascista, mas na verdade não é. A grande preocupação dos ingleses é o crescimento da pequena criminalidade, do vandalismo, dos ataques com armas branas e do alcoolismo entre as camadas mais jovens.
Para controlar isto, o governo baixou as orelhas aos gritos da oposição e decidiu criar um novo pacote de medidas que dará mais poderes à polícia para controlar (averiguar, revistar, deter...) quem esteja na base destas expressões maiores do trogloditismo.
Gostei muito deste discurso e só não o achei perfeito porque reparei que o primeiro-ministro utilizou a expressão "Estado Providência" duas vezes na sua mensagem.
Como Blair não é conhecido por lapsus linguae, imagino que este retorno à nomenclatura falhada do socialismo dos anos 80 - muito pouco relacionado com o saudável New Labour - será um indício de novas aventuras. Aventuras retrógrodas, porque não passam de cedências às alas críticas do partido que o querem fora da liderança e do governo rapidamente.
Por outro lado, pode ser o sinal que a discussão ideológica vai regressar à liça. Bem vinda seja.
quinta-feira, maio 12
segunda-feira, maio 9
APOSTAS & SONDAGENS. Hoje, na capa do Times, para ilustrar a manchete sobre a “Guerra civil nas fileiras Trabalhistas”, vem publicada uma caixa com os valores das apostas sobre a continuidade de Tony Blair no Governo.
É apenas mais um exemplo de como as apostas são um dos melhores indicadores da opinião pública britânica.
A casa citada, a Ladbrokes, uma das principais do país, atribui 10-1 à possibilidade de o primeiro-ministro se demitir esta semana, 16-1 se for este mês e 4-1 se for no espaço de um ano (para os desentendidos: o valor do lado direito corresponde ao dinheiro apostado; o da esquerda é o que a casa paga em retorno, caso o apostador acerte).
Sem extrapolar muito, podemos concluir que estes dados mostram que a saída de Blair é um dado adquirido para os ingleses (se não vemos a hipótese “não sai do governo” é porque ninguém pagou por ela), e que ao contrário do que a imprensa tem vendido, ninguém acredita que a decisão seja conhecida antes do final do ano.
Está feita a notícia para um jornalista, está dado o motivo para uma histeria descontrolada para um investigador social. Ninguém mais que esta espécie se irrita com estas interpretações. Às apostas, dizem, faltam critérios imparciais, amostras equilibradas, métodos científicos... e - pecado dos pecados – independência de uma motivação monetária.
Para jornalistas, no entanto, é todo o contrário. Exactamente por haver dinheiro envolvido, ninguém neste tipo de inquérito se atreve a “votar” no cavalo errado, nem se perde com as vergonhas e esperanças que, tipicamente, são os elementos que mais distorcem os resultados das sondagens. Desta forma, a aposta permite antecipar o voto útil como nenhum outro instrumento.
Na Irlanda do Norte, outro exemplo precioso, é raro haver sondagens, suponho que pelo preço ser incomportável para os jornais e por não haver muitos centros de investigação. Mesmo assim, há cerca de duas semanas, todos os jornais adivinharam que David Trimble, o unionista Nobel da Paz, perderia as eleições. Porquê? Porque as casas de apostas revelaram, para surpresa de todos, que ninguém do seu círculo apostava nele.
É apenas mais um exemplo de como as apostas são um dos melhores indicadores da opinião pública britânica.
A casa citada, a Ladbrokes, uma das principais do país, atribui 10-1 à possibilidade de o primeiro-ministro se demitir esta semana, 16-1 se for este mês e 4-1 se for no espaço de um ano (para os desentendidos: o valor do lado direito corresponde ao dinheiro apostado; o da esquerda é o que a casa paga em retorno, caso o apostador acerte).
Sem extrapolar muito, podemos concluir que estes dados mostram que a saída de Blair é um dado adquirido para os ingleses (se não vemos a hipótese “não sai do governo” é porque ninguém pagou por ela), e que ao contrário do que a imprensa tem vendido, ninguém acredita que a decisão seja conhecida antes do final do ano.
Está feita a notícia para um jornalista, está dado o motivo para uma histeria descontrolada para um investigador social. Ninguém mais que esta espécie se irrita com estas interpretações. Às apostas, dizem, faltam critérios imparciais, amostras equilibradas, métodos científicos... e - pecado dos pecados – independência de uma motivação monetária.
Para jornalistas, no entanto, é todo o contrário. Exactamente por haver dinheiro envolvido, ninguém neste tipo de inquérito se atreve a “votar” no cavalo errado, nem se perde com as vergonhas e esperanças que, tipicamente, são os elementos que mais distorcem os resultados das sondagens. Desta forma, a aposta permite antecipar o voto útil como nenhum outro instrumento.
Na Irlanda do Norte, outro exemplo precioso, é raro haver sondagens, suponho que pelo preço ser incomportável para os jornais e por não haver muitos centros de investigação. Mesmo assim, há cerca de duas semanas, todos os jornais adivinharam que David Trimble, o unionista Nobel da Paz, perderia as eleições. Porquê? Porque as casas de apostas revelaram, para surpresa de todos, que ninguém do seu círculo apostava nele.
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