quinta-feira, maio 12
Dito assim parece uma heresia fascista, mas na verdade não é. A grande preocupação dos ingleses é o crescimento da pequena criminalidade, do vandalismo, dos ataques com armas branas e do alcoolismo entre as camadas mais jovens.
Para controlar isto, o governo baixou as orelhas aos gritos da oposição e decidiu criar um novo pacote de medidas que dará mais poderes à polícia para controlar (averiguar, revistar, deter...) quem esteja na base destas expressões maiores do trogloditismo.
Gostei muito deste discurso e só não o achei perfeito porque reparei que o primeiro-ministro utilizou a expressão "Estado Providência" duas vezes na sua mensagem. Como Blair não é conhecido por lapsus linguae, imagino que este retorno à nomenclatura falhada do socialismo dos anos 80 - muito pouco relacionado com o saudável New Labour - será um indício de novas aventuras. Aventuras retrógrodas, porque não passam de cedências às alas críticas do partido que o querem fora da liderança e do governo rapidamente.
Por outro lado, pode ser o sinal que a discussão ideológica vai regressar à liça. Bem vinda seja.
segunda-feira, maio 9
É apenas mais um exemplo de como as apostas são um dos melhores indicadores da opinião pública britânica.
A casa citada, a Ladbrokes, uma das principais do país, atribui 10-1 à possibilidade de o primeiro-ministro se demitir esta semana, 16-1 se for este mês e 4-1 se for no espaço de um ano (para os desentendidos: o valor do lado direito corresponde ao dinheiro apostado; o da esquerda é o que a casa paga em retorno, caso o apostador acerte).
Sem extrapolar muito, podemos concluir que estes dados mostram que a saída de Blair é um dado adquirido para os ingleses (se não vemos a hipótese “não sai do governo” é porque ninguém pagou por ela), e que ao contrário do que a imprensa tem vendido, ninguém acredita que a decisão seja conhecida antes do final do ano.
Está feita a notícia para um jornalista, está dado o motivo para uma histeria descontrolada para um investigador social. Ninguém mais que esta espécie se irrita com estas interpretações. Às apostas, dizem, faltam critérios imparciais, amostras equilibradas, métodos científicos... e - pecado dos pecados – independência de uma motivação monetária.
Para jornalistas, no entanto, é todo o contrário. Exactamente por haver dinheiro envolvido, ninguém neste tipo de inquérito se atreve a “votar” no cavalo errado, nem se perde com as vergonhas e esperanças que, tipicamente, são os elementos que mais distorcem os resultados das sondagens. Desta forma, a aposta permite antecipar o voto útil como nenhum outro instrumento.
Na Irlanda do Norte, outro exemplo precioso, é raro haver sondagens, suponho que pelo preço ser incomportável para os jornais e por não haver muitos centros de investigação. Mesmo assim, há cerca de duas semanas, todos os jornais adivinharam que David Trimble, o unionista Nobel da Paz, perderia as eleições. Porquê? Porque as casas de apostas revelaram, para surpresa de todos, que ninguém do seu círculo apostava nele.
quarta-feira, abril 20
quarta-feira, março 23
quarta-feira, março 9
segunda-feira, março 7
quarta-feira, março 2
segunda-feira, fevereiro 28
QUE SAUDADES DO MAIO DE 68 Com a entrada de Thierry Breton (direita) para o governo francês, onde já estava Jean-Louis Borloo, entra oficialmente na moda o estilo "despenteado e óculos na ponta do nariz".
Em Portugal, o corte mais popular na política é aquele um bocadinho comprido atrás, estilo futebolista. O chamado "corte à foda-se".
domingo, fevereiro 27
sexta-feira, fevereiro 25
Ou muito me engano, ou o ministro das Finanças francês não vai durar muito mais. O problema não está no escândalo que foi saber-se que tinha alugado um apartamento por 14.000 euros mensais à custa do Estado. As regras do "alojamento de função" não eram suficientemente claras e cada um faz a interpretação que lhe convém. A questão é a transparência - ou melhor, a falta dela - com que o assunto foi gerido. Nos últimos dias Hervé Gaymard quis aparecer como uma vítima que, por ser filho de sapateiro, não teria meios para ter casa própria digna de receber a mulher e os oito filhos e que estava a ser alvo de perseguição. Mas a imprensa já revelou que o ministro tem afinal um apartamento de 200 m2 em Paris (e que está arrendado abaixo do preço do mercado) e mais propriedades no resto do país, o que fez dele um dos contribuintes para o famoso "Imposto sobre a fortuna"em 2003.
Pela boca morre o peixe. Dizem os especialistas da comunicação que, nestes casos, o melhor é dizer logo tudo de uma vez e não deixar a coisa transformar-se numa novela. Mas foi o que aconteceu. O requisitório final vai ser feito hoje, no telejornal da TF1, e dele depende a sua permanência no governo. A postos devem estar já os institutos de sondagens para saber se o povo acreditou ou não. Não seria mais democrático e republicano que isto fosse esclarecido no Parlamento? Não, talvez porque tanto a direita como a esquerda têm telhados de vidro.